Fundações
Na construção civil um item
de extrema importância é a fundação, pois esta é a responsável por transmitir
toda a carga do edifício ao solo. Em
outras palavras, a fundação é um elemento estrutural que consiste em suportar
todo o peso da edificação e transferir todos os esforços da estrutura para as
camadas mais resistentes do solo. Este elemento de suma importância faz parte
do chamado sistema estrutural, que é também composto por lajes, vigas e
pilares. A junção de todos esses quatro elementos estruturais faz destes os
responsáveis pela sustentação do edifício, absorvendo toda a carga da estrutura,
transmitindo os esforços de um para outro, e sendo assim essenciais para
gerenciar a segurança e solidez de uma edificação.
Diferente das lajes, vigas e
pilares, a fundação geralmente é uma obra enterrada que depende de vários
parâmetros e avaliações a serem seguidos para a escolha correta de acordo com a
obra a ser executada. Alguns desses critérios são a característica do solo, a
profundidade em que é encontrado solo firme (resistência) e topografia do
terreno.
Tendo em vista à expansão
urbana em novas áreas, emerge o desafio de superar os obstáculos encontrados em
solos de difícil trabalhabilidade e com essa expansão ocorrendo em diferentes
regiões, é muito comum de se encontrar solos com baixa resistência, com
presença de rochas, encharcados, solos compressíveis, terrenos inclinados e com
a presença de entulho. Esses exemplos de solos e terrenos tornam todo o
processo de avaliação e estudo bem trabalhoso e complexo para a escolha correta
de um tipo de fundação que será viável fisicamente e financeiramente.
1. Critérios para a escolha de uma fundação
Como dito anteriormente, é
importante que a fundação escolhida tenha resistência o suficiente para
suportar as tensões causadas pelos esforços solicitantes. Deste modo, devemos
conhecer um conjunto de fatores que se não forem averiguados corretamente podem
comprometer a segurança e estabilidade da fundação escolhida e consequentemente
trazer problemas estruturais para a edificação. Portanto ela não deve ser
analisada isoladamente, e sim sempre levar em consideração o conjunto
fundação-solo.
O primeiro passo a ser feito é conhecer a coordenação, a natureza e a
dimensão da carga a ser suportada e os esforços atuantes. Em seguida é preciso
saber a capacidade de suporte do solo, suas características e sua resistência,
que só através de uma sondagem e testes de resistência serão conhecidos. Sem
conhecer esses pontos importantes do solo em questão, a fundação escolhida pode
não atender os requisitos necessários, tornando uma base instável e assim colocando
em risco toda a estrutura. Portanto é fundamental o estudo geológico independentemente
do tamanho do porte da obra, para que assim possa garantir a segurança,
economia dos materiais e evitar correções futuras que podem apresentar um alto
custo.
O subsolo apresenta camadas
que possuem diferentes espessuras, dimensões além das diferentes resistências
existentes em cada profundidade. A sondagem é uma investigação feita no solo
com objetivo de saber a sua constituição geológica e definir a profundidade das
camadas resistentes do solo onde será executada a obra de pequeno, médio ou
grande porte. Além de mostrar as características e o tipo de solo apresentado,
a sondagem também determina em qual profundidade está o lençol freático,
matacões entre outras interferências. Portanto, a partir desse estudo, é ela quem
determinará o tipo de fundação a ser executada de acordo com a resistência do
solo e em qual profundidade se encontra a resistência adequada.
No mercado são apresentados
os seguintes tipos de sondagens: Sondagens à trado; Sondagem à Trado Manual;
Sondagem à Trado mecânico; Sondagem à percussão SPT e Sondagem rotativa. A
Sondagem à Percussão SPT ou Sondagem SPT (Standard
Penetration Test), é normatizada pela NBR 6484 da ABNT e geralmente é o teste
mais esclarecedor entre os outros e também o mais usado devido ao fato de ser o
mais econômico. Este tipo de sondagem se aplica apenas a solos e seu objetivo é
a determinação das camadas, do tipo de solo atravessado, da resistência que é
medida pelo índice de resistência a penetração (N), além de mostrar a posição
do nível de água. A profundidade de perfuração é limitada aos preceitos julgados
impenetráveis pela norma, ou por especificação do cliente, Figura 1.
Além das características do
solo, para a melhor escolha da fundação é necessário considerar várias
variáveis além da avaliação de todos os fatores da obra tal como: Dados da
estrutura, a carga a ser suportada pela fundação, a topografia do terreno, dados
das construções e fundações vizinhas, os aspectos econômicos e as fundações
disponíveis no mercado e suas restrições técnicas.
2. Tipos de fundações
Existem dois tipos de
fundações: diretas e indiretas. As fundações diretas que também são chamadas de
superficiais se caracterizam por transferir a carga da construção para as
camadas do solo que são suficientes para suportá-las, sem ocorrer deformações
demasiadamente. Esta transmissão é feita através da base do elemento estrutural
da fundação, considerando apenas o apoio da peça sobre a camada do solo, sendo
desprezada qualquer outra forma de transferência das cargas.
As fundações indiretas
transferem as cargas por efeito de atrito lateral do elemento com o solo e por
efeito de ponta, e nesse grupo todas as fundações são profundas em razão das dimensões
das peças estruturais.
É chamado de fundação rasa
aquelas que são assentadas nas camadas mais próximas a superfície, ou seja, é
feita no máximo em até 3 metros de profundidade. Sapatas e radier são exemplos
desse tipo de fundação.
Já as fundações profundas se
diferenciam por serem realizadas nas camadas mais profundas do solo devido à
resistência do solo ser alcançada só a 10 metros ou mais. Nesse grupo temos as
estacas e tubulões.
Na Figura 2, é mostrado um
fluxograma para melhor entendimento de todos os tipos de fundações existentes e
suas divisões.
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Figura 2 – Fundações |
As Sapatas (isoladas ou
corridas) são componentes de apoio de concreto armado, que resistem
principalmente por flexão. É uma fundação direta, com a forma aproximada de uma
placa sobre a qual se apoiam colunas e pilares. Como são fundações
semiflexíveis, devem ser dimensionadas estruturalmente.
As sapatas não trabalham
apenas à compressão simples, mas também à flexão, devendo assim serem
executadas armaduras, ou seja, incluir material resistente à esforços de tração.
Ainda dentro do grupo de
fundações rasas, os radiers são elementos contínuos que podem ser feitos em
concreto armado, protendido ou em concreto reforçado com fibras de aço. Refere-se
a uma laje que recebe cargas de todos os pilares da obra, devendo resistir aos
esforços diferenciados de cada pilar, além de suportar eventuais pressões do
lençol freático.
As estacas como já
mencionadas, fazem parte do grupo de fundações indiretas e são elementos
estruturais, alongados e enterrados no solo. Apresentam várias formas podendo ser
cilíndricas ou prismáticas, e podem ser colocadas no solo por processo de
cravação, prensagem, vibração ou por escavação, ou de forma mista. Devem
providenciar estabilidade e herdam esforços axiais de compressão que são
sustentados pela reação exercida pelo terreno sobre sua ponta e pelo atrito
entre as paredes laterais da estaca e o terreno. Seu propósito é transmitir as
cargas verticais do edifício para as camadas mais profundas e resistentes do solo.
Elas podem serem feitas de concreto armado, de madeira ou de aço conforme a sua
utilização.
As estacas de concreto armado
são segmentadas em dois grupos: estacas
pré-moldadas e as moldadas “in-loco”. As estacas pré-moldadas podem ser
fabricadas no canteiro de obras ou em usinas e em relação às armaduras, podem
ser em concreto armado ou em concreto protendido que possuem grandes
comprimentos e são utilizadas para suportar cargas elevadas. Esse tipo de
estaca possui as seguintes vantagens: elevada resistência na compressão, tração
e flexão composta, maior capacidade de manipulação, transporte, levantamento e
cravação e, pequena fissuração.
As estacas moldadas
“in-loco” apresentam uma ampla vantagem em relação às pré-moldadas, devido à
execução da estaca ser com o comprimento estritamente necessário, deste modo,
evitando o desperdício de material.
As estacas metálicas podem
ser cravadas em quase todos os tipos de terrenos, podendo atingir grande
capacidade de carga e trabalham bem a flexão. Porém seu custo é maior em
relação as estacas pré-moldadas de concreto. As estacas de madeiras embora
tenham sido bem utilizadas na antiguidade, atualmente sua utilização é bem mais
reduzida devido as dificuldades de se obter madeiras de boa qualidade. No
Brasil, em obras definitivas tem-se usado a peroba, a aroeira, a maçaranduba e
o ipê, que são denominadas “madeiras de lei” .
Os tubulões são elementos
estruturais de fundações profundas e apresentam forma cilíndrica podendo ser a
céu aberto ou de ar comprimido. O tubulão a céu aberto é uma fundação escavada
manualmente, não podendo ser executado abaixo do nível d´água. Não há
necessidade de escoramento em terreno coesivo, logo torna-se uma alternativa
econômica para altas cargas solicitadas, superior a 250 tf. Já o tubulão de ar
comprimido, é normalmente utilizado em terrenos que apresentam dificuldade de
empregar escavação mecânica ou cravação de estacas, como em solos com presença
de matacões, solos encharcados ou cotas insuficientes entre o terreno e o apoio
da fundação.
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